O problema que assombra – e empaca – trama de ‘Terra e Paixão’
Terra e Paixão vem conquistando uma base de público fiel à atual novela das 9 da Globo, mesmo com seu roteiro cheio de problemas no horário nobre. Com uma média de 26 pontos na Grande São Paulo, a trama de Walcyr Carrasco — com colaboração de Thelma Guedes — já supera sua antecessora, Travessia, que havia sido um fiasco de audiência ao terminar com média de 24 pontos. Entretanto, um problema vem assombrando o folhetim protagonizado por Aline (Barbara Reis) e Caio (Cauã Reymond): o excesso de vilões que, para piorar, não cometem tantas vilanias assim.
Anunciado lá atrás como o grande vilão da história, Antônio La Selva (Tony Ramos) parecia inescrupuloso e determinado a tomar as terras de Aline em Nova Primavera. Humilhava os três filhos, Caio, Daniel (Johnny Massaro) e Petra (Debora Ozório); mandou matar o marido de Aline; ordenou o sequestro do filho da mocinha. Mas ficou por isso mesmo. Depois da morte de Daniel em um acidente de carro, que fora sabotado por alguém, Irene (Gloria Pires) foi vendida em chamadas da novela como a nova grande vilã da trama. A mulher de Antônio sempre infernizou a vida de Caio, seu enteado, e ateou fogo na plantação de Aline como vingança — a mocinha se relacionava com Daniel antes de sua morte. Agora, seu único objetivo é destruir Agatha (Eliane Giardini), a primeira esposa de Antônio e mãe de Caio. Esta personagem, aliás, surgiu na história como mais uma vilã. Dona de um passado misterioso e criminoso, já que ficou presa por anos após matar um amante, Agatha tem interesse no dinheiro dos La Selva, mas se finge de boazinha para colocar em prática seus planos.
Além do trio de vilões veteranos, ainda tem o golpista italiano Luigi (Rainer Cadete), que trai Petra com Anely (Tatá Werneck) e outras mulheres; o assediador Tadeu (Cláudio Gabriel), obcecado por Anely; e Ramiro (Amaury Lorenzo), o capanga de Antônio que já matou seguindo ordens do patrão. O excesso de malvados em Terra e Paixão tem criado uma verdadeira confusão de enredos e um roteiro que roda em círculos. Ironicamente, as tramas mais minimamente interessantes excluem justamente a protagonista do folhetim, levando à tela uma história repetitiva e cansativa. Com tantos vilões à disposição, um personagem inescrupuloso que provocasse a ira do público ficou a desejar. Pelo menos, por enquanto.
Fonte: https://veja.abril.com.br/coluna/tela-plana/o-problema-que-assombra-e-empaca-trama-de-terra-e-paixao/