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Zema ataca beneficiários do Bolsa Família e diz que Sul e Sudeste “tem mais pessoas trabalhando”

Durante a abertura do 8º Encontro do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (COSUD), nesta sexta-feira (2), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), atacou os programas nacionais de redistribuição de renda e as pessoas beneficiadas pelo projeto.

Na tentativa de destacar as potencialidades dos estados que integram o consórcio, Zema afirmou que Sul e Sudeste se diferenciam de outras regiões por terem mais “pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial”, deixando evidente sua visão estreita e preconceituosa.

Segundo ele, “diferente dos demais estados, os sete têm uma proporção maior de pessoas que trabalham em vez de viver de auxílio emergencial”, referindo-se, além de Minas Gerais, a São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

“Se tem estados que podem contribuir para esse país dar certo eu diria que são esses sete aqui. São estados onde, diferente da grande maioria, há uma proporção muito maior de pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial. São estados onde há um setor produtivo muito mais dinâmico, então com toda a certeza boa parte da solução do Brasil passa por esses sete estados aqui”, enfatizou.

Além de preconceituoso, Zema também mostra desconhecimento da realidade. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a maioria dos estados brasileiros tem mais pessoas com carteira assinada do que recebendo auxílio.

Só a Região Centro-Oeste, berço do agronegócio, por exemplo, apresentou um avanço de 21,6% no 1º trimestre deste ano, o maior desde 1996. O agro foi um dos responsáveis pela alta de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no período, em relação aos últimos três meses de 2022.

Outra distorção que permeia o universo limitado do governador mineiro, é que o Bolsa Família, que é modelo para o mundo, em abril deste ano teve 21,19 milhões de pessoas contempladas no mês, segundo dados oficiais. O Sudeste é a segunda região com maior número de beneficiários do projeto com 6,31 milhões de lares atendidos, atrás do Nordeste, com 9,73 milhões de famílias contempladas.

A região Norte, por sua vez, tem 2,59 milhões de famílias, a Sul tem 1,42 milhão e a Centro-Oeste, 1,12 milhão. O maior benefício médio do país é de R$ 689,02.

Além de surfar na onda do preconceito, Zema ainda se confundiu ao citar “auxílio emergencial” (programa de renda mínima que vigorou durante a pandemia) quando, na verdade, referia-se ao Bolsa Família.

Zema ainda comparou que “Sudeste e Sul são quase que um México em termos de população e de economia”.

300% DE AUMENTO NO PRÓPRIO SALÁRIO

Enquanto ataca os beneficiários do Bolsa Família que recebem por mês R$ 600, o governador do Novo aumentou em 298% o próprio salário no início de maio, por meio de uma lei já por ele sancionada. Com o reajuste, a remuneração de Zema passa de R$ 10,5 mil para R$ 41,8 mil em três anos.

O aumento de quase 300% no salário do governador, amplia também a remuneração do vice-, Mateus Simões (Novo), e dos secretários e secretários adjuntos. Segundo Zema, o reajuste foi necessário “para atrair e manter os mais competentes nos quadros técnicos”. Os “competentes”, supõe-se, são os privatistas do seu governo que, junto com ele, estão rifando o estado mineiro, com a privatização de vários setores e bens pertencentes ao estado. 

“Não tenho como governador nenhum privilégio ou mordomia. Somos o governo mais austero que o estado já teve e o que mais está fazendo pelo social”.

Os profissionais da educação pública de Minas têm realizado paralisações, audiências e outras mobilizações para cobrar do governador que “mais está fazendo pelo social”, piso salarial, reajuste dos vencimentos e condições de trabalho, além de concurso para a contratação de profissionais a fim de ampliar o quadro da educação que há anos está defasado.

Em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (31), Especialistas em Educação Básica (EEBs) da rede estadual relataram os problemas que a categoria vem enfrentando em todo o estado, como desvalorização da carreira, acúmulo e desvio de funções e, a exemplo de toda o setor da educação, arrocho salarial promovido pelo governo do estado.

Os profissionais, que estão em campanha salarial, reclamam de não haver aumento há anos. Conforme as categorias, em 2020 não houve recomposição. Já em 2021 e 2022, o reajuste não foi suficiente para repor a perda da inflação. Assim, segundo o sindicato da categoria, a defasagem salarial já se acumula em 20,01%.

Um estudo realizado pelo Observatório das Desigualdades da Fundação João Pinheiro revelou que o aumento da pobreza marcou os últimos anos. Em nota técnica, o Observatório divulgou que, em Minas Gerais, a renda domiciliar per capita em 2019 era de R$ 1.330, caindo para R$1.289 em novembro de 2020. O estudo demonstrou ainda que é sobre as mulheres negras a maior incidência da pobreza.

A discussão de temas como segurança pública, saúde, turismo e educação pautam o 8º Encontro do Consórcio de Integração Sul e Sudeste, que começou nesta sexta-feira (2) e se estenderá pelo o sábado (3), em Belo Horizonte. Além de Zema, participam do encontro os chefes dos Executivos estaduais de São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

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