Ministério da Saúde confirma que governo Bolsonaro deixou vencer 39 milhões de vacinas contra a Covid-19

“O governo anterior negou à equipe de Transição informações sobre estoques e validade de vacinas’, afirma o Ministério da Saúde. Mais de 27 milhões de doses serão incineradas

O Ministério da Saúde confirmou nesta quinta-feira que, ao realizar inventário das vacinas contra a Covid-19 recebidas do governo Bolsonaro (PL), se deparou com um cenário de 27,1 milhões de doses sem tempo hábil para distribuição e uso.

Integrantes da Saúde responsabilizam o governo de Jair Bolsonaro e sua política negacionista pela falta de distribuição das doses.

Ao todo, incluindo o quantitativo perdido em 2023, o desperdício chegou a 38,9 milhões de doses desde 2021. Um prejuízo de cerca de R$ 2 bilhões aos cofres públicos. Desse total, mais de 33 milhões de doses já foram encaminhadas para incineração.

Nos próximos 90 dias, mais 5 milhões de doses vencem e outras 15 milhões de doses terão seu prazo de validade expirado em 180 dias. O Ministério da Saúde buscou uma solução pactuada com o Conselho de Secretários Estaduais e Municipais de Saúde – Conas e Conasems – para um esforço conjunto a fim de evitar novos desperdícios.

O estoque de produtos do Ministério da Saúde está sob sigilo desde 2018, em um período inicial de cinco anos. A pasta ampliou o prazo em 2022 para data indefinida – as informações são protegidas por dois anos após serem produzidas. O sigilo impossibilita o acesso ao número de medicamentos, vacinas e testes dentro e fora da validade e os valores gastos. Em 17 de fevereiro, a CGU recomendou que o ministério revesse e derrubasse a medida, mas a pasta ainda não se manifestou sobre o assunto.

“O governo anterior negou à equipe de Transição informações sobre estoques e validade de vacinas. Ao assumir, a atual gestão do Ministério da Saúde se deparou com um cenário de 27,1 milhões de doses de vacinas contra Covid-19 sem tempo hábil para distribuição e uso”, esclareceu o Ministério da Saúde em nota.

Atual secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel disse que, durante a transição de governo, a gestão Bolsonaro nem sequer compartilhou dados sobre os estoques com a equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“A gente pegou um governo com estoque de vacinas vencidas e para vencer, enquanto aquelas que precisávamos não tinham estoque. Não havia nem contrato [encomendando as doses] no caso das vacinas pediátricas e bivalentes”, disse.

“Se não fosse o negacionismo, essas doses não estariam nos estoques. Se tivesse acontecido um esforço, como estamos fazendo agora, com campanhas educativas, alinhamento com gestores municipais e estaduais, essas vacinas não teriam vencido”, acrescentou a secretária.

A equipe de Saúde do governo de transição tratou o estoque de vacinas prestes a vencer como uma espécie de herança maldita. No relatório final, o grupo disse que havia “grande quantidade de vacinas com prazo de vencimento muito curto, por falha no planejamento, monitoramento e gerenciamento dos estoques”.

Vale destacar que Bolsonaro estimulou a desinformação sobre as vacinas da Covid-19 durante todo seu governo. Ele espalhou fake news, aconselhou as pessoas a não se vacinarem e chegou a ameaçar expor servidores da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que participaram da liberação da aplicação de doses em crianças.

Para o futuo “O Ministério da Saúde buscou uma solução pactuada com o conselho de secretários estaduais e municipais de saúde – Conas e Conasems – para um esforço conjunto para evitar novos desperdícios. Outras ações também estão sendo pactuadas dentro do Movimento Nacional pela Vacinação”, ressaltou a pasta.

Outras ações também estão sendo pactuadas dentro do Movimento Nacional pela Vacinação. “O esforço para utilização e distribuição das vacinas representa um ato de respeito à população e responsabilidade pública com o povo brasileiro”, salientou a ministra Nísia Trindade.

“O governo da morte perdeu 39 milhões de doses de vacinas contra a Covid. Um prejuízo de R$ 2 bilhões para os cofres públicos, e imensurável para as famílias de quase 700 mil brasileiros que perderam a vida. Não vamos esquecer!”, afirmou o senador Randolfe Rodrigues (Rede).

INCINERAÇÃO

Além das 38,4 milhões de doses de vacina contra Covid-19 desperdiçqadas, sendo 33 milhões já incineradas, o governo Bolsonaro incinerou medicamentos usados no tratamento de doenças raras e de alto custo, avaliados ao todo em pelo menos R$ 13,5 milhões.

Dentre os remédios desperdiçados estão  duas doses do Spinraza, cada uma comprada por R$ 160 mil pelo governo federal. O remédio é usado em pacientes com AME (atrofia muscular espinhal), a terapia é uma das mais caras do mundo.

Associações de pacientes ressaltal que o estoque perdido mostra má gestão do governo Bolsonaro. A falta do tratamento pode levar pacientes à morte.

Excluindo as vacinas contra a Covid, os dados compartilhados pela Saúde apontam que já foram descartados produtos avaliados em R$ 214,2 milhões desde 2019 (valor que inclui imunizantes contra outras doenças). Outros insumos, de mais R$ 38 milhões, ainda estão na fila da incineração.

Entre os itens perdidos estão vacinas de diversos tipos —contra sarampo e rubéola, pentavalente, hepatites e tríplice viral—, além de medicamentos contra câncer, hepatite C e outras doenças.

Também foram inutilizados testes e medicamentos destinados a pessoas que vivem com HIV avaliados em R$ 8,5 milhões.

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