Entidades denunciam privatização da Sabesp: “Grupos privados não terão interesse em reduzir tarifa”
A privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) não vai diminuir preço das tarifas e vai piorar qualidade da água. É o que afirmam especialistas e que participaram de entrevista coletiva organizada pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé nesta sexta-feira (15).
“Quem vai comprar a Sabesp? São grandes fundos internacionais, e a gente já tem empresas aqui no mercado que são financiadas por fundos canadenses, de Singapura, Coreia do Sul, de outros locais do mundo e de grandes bancos brasileiros. Quem vai comprar é um grande conglomerado financeiro, um operador qualquer. Para quê? Para baixar tarifa? Conta essa história para outro, não existe isso”, afirmou o diretor da Associação de Profissionais Universitários da Sabesp (APU), Amauri Pollachi
O diretor da APU alertou ainda para o processo de precarização dos serviços da empresa, promovida pelo governo de Tarcísio de Freitas, com vistas a facilitar sua privatização, ressaltando que, no último período, profissionais com décadas de experiência estão deixando posições essenciais de manutenção das estruturas que garantem a distribuição da água pelo estado.
“A direção da Sabesp está evitando fazer qualquer tipo de contrato que vá além de julho de 2024, pois é a data em que se pretende entregar a chave da empresa. Já não está contratando, não está fazendo renovação de ativos, já não está trabalhando forte em redução de perdas, ou seja: já está deteriorando os serviços hoje. O serviço que era bom há seis meses, hoje é pior”, continuou.
A vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema), Helena Maria da Silva, também destaca que, “hoje, a Sabesp, por conta de economia, para atender os investidores, a meta de lucro, já reduziu a qualidade dos serviços”.
“Não tem mais mão de obra própria na manutenção da empresa. A manutenção hoje é feita por empreiteiras, que não têm cursos, não têm preparação para fazer um bom serviço. Inclusive a gente tem alto índice de reclamação da população porque não temos mais funcionários próprios. A empresa vem terceirizando todos os serviços”, denunciou Helena.
Helena ressalta que a população precisa ficar atenta aos riscos que corre. Ela lembra que serviços públicos de tratamento e fornecimento de água que foram privatizados em outras partes do mundo foram reestatizados para garantir melhor entrega dos serviços e evitar taxas abusivas.
“A gente aqui no estado de São Paulo, com o governo do Tarcísio, está na contramão do mundo. Saneamento é um bem da população e tem que ser muito bem preservado. É um absurdo o que ele está fazendo e não adianta falar que vai abaixar o preço. Não vai”, completou.
A Sabesp é uma empresa de economia mista com parte de suas ações negociadas na bolsa, enquanto 50,26% são do governo do estado. A empresa atende 375 municípios paulistas, num total de 28,4 milhões de pessoas. Em 2022, anunciou lucro de R$ 3,12 bilhões, volume 35% superior aos R$ 2,3 bilhões de 2021.
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