Diferentes versões de Daniel Alves tentam responsabilizar a vítima pelo estupro em Barcelona

Os depoimentos do jogador da seleção brasileira, Daniel Alves, preso acusado de estupro em Barcelona, apresentaram inconsistências e contradições, mudando suas versões sobre o caso: primeiro, quando ainda estava solto, declarou não conhecer a mulher; depois, afirmou que fez sexo consensual com ela porque foi atacado por ela.

A prisão do jogador de 39 anos completou uma semana na sexta-feira (27). Ele é acusado de ter estuprado uma espanhola no banheiro de uma boate de luxo de Barcelona, em 31 de dezembro. Por meio de seus advogados, a jovem de 23 anos afirmou que não quer ter sua identidade revelada nem receber indenização.

A investigação começou em 2 de janeiro. Em seu depoimento, considerado sólido pelas autoridades policiais, a vítima afirmou que foi forçada pelo jogador a sentar no colo dele, jogada no chão, agredida e obrigada a fazer sexo oral.

Ela descreveu que o estupro foi muito violento e durou cerca de 15 minutos. A mulher alegou que, após o estupro, chamou o segurança da casa noturna e foi ao hospital, onde exames confirmaram o crime.

Já o depoimento do atleta apresentou inconsistências. Ele chegou a mudar suas versões sobre o caso: primeiro, quando ainda estava solto, dizendo que não conhecia a mulher; depois, afirmou que fez sexo consensual com ela.

Um ponto central das versões é uma tatuagem íntima de Daniel Alves. A jovem disse que viu o desenho de uma meia-lua no abdômen do jogador quando ele tentou forçá-la a fazer sexo oral. Alves confirmou, em seu primeiro depoimento, que tem a tatuagem, mas alegou que foi a mulher quem o atacou enquanto ele estava sentado em um vaso sanitário.

No entanto, a juíza do caso afirmou que, se essa versão do jogador fosse verdadeira, a jovem não teria conseguido ver o desenho, já que este estaria tampado pela camiseta do atleta. O jogador, então, apresentou outra versão, de que a relação foi consensual.

O atleta, que após a denúncia teve rescindido seu contrato com o time mexicano Pumas, está no presídio de Brians 2, a cerca de 40 quilômetros de Barcelona. Preso preventivamente, ele chegou ao local após ter sido transferido na segunda-feira (23/01) por questões de segurança, segundo a Justiça espanhola.

“NÃO QUERO INDENIZAÇÃO”

Ester García López, advogada da vítima, falou pela primeira vez com a imprensa na quarta-feira (25) e narrou o momento em que a mulher a contatou pela primeira vez. “Ela me olhou e disse: ‘Ester, eu tenho a sorte de ter boas condições de vida e não quero indenização, quero prisão’. Eu disse que ela tinha direito, apesar de não querer, mas ela permaneceu contundente. ‘Se tiver dinheiro de indenização envolvido, eu não vou contratar você’”, diz.

Segundo a advogada, a mulher tem feito tratamento psiquiátrico, e feito uso de antivirais para evitar infecções sexualmente transmissíveis —uma vez que, ainda de acordo com Ester, Daniel Alves não teria usado camisinha durante o estupro. O principal desafio da advogada tem sido distanciar a mulher dos noticiários. “Tentamos preservá-la a todo custo”.

A advogada afirma ainda que a vítima do estupro foi atendida momentos após o crime. “Minha cliente saiu da discoteca em uma ambulância e isso já mostra como a atuação foi imediata”, disse. “No mesmo dia dos fatos, essa mulher foi atendida. Ela não denunciou no mesmo dia, mas os policiais já começaram a trabalhar naquela mesma madrugada. Isso é muito importante. Chegando ao hospital já pediram para ela deixar sua roupa íntima; outra mulher poderia ter ido para casa, tomado banho, talvez pelo sentimento de nojo tivesse colocado a roupa para lavar. Insisto: há muitos indícios neste caso e não os vinculo a ser um personagem público, mas sim pela atuação muito rápida”, destacou.

O post Diferentes versões de Daniel Alves tentam responsabilizar a vítima pelo estupro em Barcelona apareceu primeiro em Hora do Povo.

Fonte: https://horadopovo.com.br/diferentes-versoes-de-daniel-alves-tentam-responsabilizar-a-vitima-pelo-estupro-em-barcelona/