Temer: ‘Nunca vi nível de agressividade tão grande como agora’
O ex-presidente Michel Temer (MDB), que se manteve neutro no segundo turno nacional, afirma que o próximo mandatário do Brasil tem a difícil missão de pacificar o país. Com níveis de agressividade nunca antes vistos dos dois lados da disputa, como mostrou reportagem de VEJA nesta semana, o político, que disputou seis eleições como deputado federal e outras duas como vice de Dilma Rousseff (PT), tem a receita para evitar que a polarização permaneça após a votação do próximo domingo, 30: “O novo presidente precisa fazer um pronunciamento para tranquilizar o país. Em dez minutos o mundo todo estaria sabendo”. Leia mais abaixo.
O que o próximo presidente precisa fazer para governar um país que sairá das urnas fraturado? É preciso que ele imediatamente faça um pronunciamento à nação, explicando que seu objetivo é tranquilizar e pacificar o país. E que ele quer a colaboração de todos, inclusive da oposição, para fazer um pacto. Ele chamaria governadores, chefes de poderes, entidades, empresários, para que todos discutissem um pacto de recuperação do país. Qual a vantagem disso? Distensionaria os espíritos conturbados. Em dez minutos o mundo todo estaria sabendo, o que teria extraordinária repercussão positiva para o país. Essas brigas internas estão gerando uma concepção negativa no exterior.
O senhor acredita que Lula e Bolsonaro seriam capazes de fazer isso? Seria de uma singeleza extraordinária, mas não é fácil. Também não faz mal pregar essa hipótese. Lançar uma mensagem que o povo vai aplaudir.
Quais marcar diferenciam as polarizações atuais das anteriores? Polarização não é novidade no país, mas nunca vi o atual nível de agressividade. [Na minha época] não tinha o mesmo nível. Poderia até haver atos mais agressivos, mas não havia esses gestos. Esta campanha trouxe à baila uma violência que ao longo da minha vida pública eu não conhecia.
Qual o papel do candidato derrotado na pacificação? Ambos teriam a humildade de ligar para o vencedor? Seria útil até para o derrotado. Diria que está de acordo com o que ocorreu. Isso revelaria um tamanho enorme da pessoa, coisa de estadista.
Bolsonaro teria mais facilidade de fazer maioria no Congresso que Lula? Evidentemente, no concerto atual, o Bolsonaro teria maioria. Se ele for eleito, terá maioria acentuada. Se não for eleito, o ex-presidente Lula vai ter que trabalhar muito. Vai depender das propostas que ele apresentará ao país.
Fonte: https://veja.abril.com.br/politica/temer-nunca-vi-nivel-de-agressividade-tao-grande-como-agora/